Dados do Trabalho


Título

Criança com suspeita de migração transesofágica de espinha de peixe- Quando a espinha de peixe não é a culpada?

Descrição sucinta do(s) objetivo(s)

Conhecer a origem do ligamento arterioso e o seu processo de calcificação,bem como elucidar suas características radiológicas.

História clínica

Menor, 3 anos, admitido com relato de ingestão de espinha de peixe há um dia, evoluindo com odinofagia e vômito. Realizados endoscopia, sem alterações, e Tomografia Computadorizada (TC) de tórax, evidenciando estrutura linear densa mediastinal à esquerda, em topografia aortopulmonar. Como uma substância estranha não pôde ser descartada, o paciente foi transferido para uma possível abordagem. Realizados exames laboratoriais, antibioticoterapia empírica e outra TC contrastada, identificando estrutura algo linear na parte externa do esôfago, próximo ao fechamento do canal arterial. Após discussão multidisciplinar, levando em consideração as boas condições clínico-laboratoriais e os achados de imagem, definiu-se que não se tratava de um corpo estranho (CE), mas provavelmente da calcificação do ligamento arterioso (CLA).

Discussão e diagnóstico

O ducto arterioso, estrutura que conecta as artérias pulmonar e aorta na circulação fetal, se fecha logo após o nascimento, dando origem ao ligamento arterioso. A CLA não possui fisiopatologia estabelecida, sendo as hipóteses de degeneração mixoide da parede do vaso e regressão do trombo as mais aceitas. Na literatura, a prevalência nas crianças apresenta-se entre 13 e 37,9%, sendo um achado acidental nos pacientes assintomáticos. O desconhecimento do assunto pode gerar dúvida diagnóstica, principalmente nos casos em que o paciente chega na emergência com sintomatologia e história de acidente com CE. O diagnóstico de CLA pela TC se baseia na localização anatômica, na ausência de massas associadas e clínica estável, afastando possíveis doenças cardiológicas e CE. TC é um método útil na identificação de CE e, por isso, deve ser considerada como primeira escolha, avaliando-se a necessidade do contraste, sendo a CLA um dos diagnósticos diferenciais na presença de imagem mediastinal com formato linear/curvilíneo ao exame, principalmente por ser relativamente frequente.

Conclusões

Apesar da fisiopatologia pouco estabelecida, o LA pode calcificar e ser visibilizado em determinados métodos de imagem, como na TC. Para evitar intervenções diagnósticas e tratamentos desnecessários, é importante o conhecimento médico acerca desse achado e de suas características radiográficas, já que não há necessidade de tratamento na CLA, apenas observação.

Palavras Chave

Calcificação do ligamento arterioso; Ducto arterioso; Diagnóstico diferencial.

Arquivos

Área

Pediatria

Instituições

Hospital MaterDei - Minas Gerais - Brasil

Autores

GRACE KELLY DOS SANTOS GUIMARÃES, JÉSSICA MARTINS DAMASCENO, GABRIELLA FERREIRA ROCHA, CAROLINA PIMENTEL ORSINI, PATRÍCIA CAETANO FILGUEIRA, FABIANA PAIVA MARTINS, ALINE PIMENTEL AMARO, EDUARDO CARVALHO MIRANDA, RAPHAEL GUEDES ANDRADE, VICTOR NASCIMENTO VILAS-BOAS