Dados do Trabalho


Título

Síndrome CHANTER e a epidemia dos opioides: o que muda para o radiologista?

Descrição sucinta do(s) objetivo(s)

Este trabalho tem o objetivo de relatar um caso raro de síndrome Chanter, discutir os diagnósticos diferenciais e o importante papel do radiologista na avaliação da imagem das encefalopatias tóxico-metabólicas.

História clínica

Paciente do sexo masculino, 64 anos, apresentando cefaleia súbita há 1 semana da admissão, seguido de sonolência excessiva e piora disartria de base (tem glossectomia parcial por câncer de língua). Na admissão, encontrava-se acordado, vigil, apresentando disautonomias, movimentos orofaciais involuntários, além de disartria e redução global da força, associada a rigidez plástica, roda denteada nos MMSS e bradicinesia. Medicações em uso domiciliar: clonazepam, trazodone, zolpidem, quetiapina. O paciente evoluiu com hipertensão intracraniana devido ao intenso edema cerebral e foi submetido a craniectomia descompressiva. Após o tratamento, o paciente apresentou importante melhora dos deficits neurológicos, assim como resolução do edema cerebral e das áreas de restrição a difusão.

Discussão e diagnóstico

A síndrome de Chanter é uma doença rara que ocorre no contexto do abuso de substâncias opioide e a lesão neuronal está relacionada a toxicidade direta dessas medicações. Existe o envolvimento classico do cerebelo, hipocampo e núcleos da base, caracterizados por intensa restrição a difusão e edema perilesional, poupando o cortex cerebral, com caráter transitório, uma vez suspenso o uso das medicações. Pode fazer diagnóstico diferencial com a encefalopatia hipóxico-isquêmica, que pode ocorrer em conjunto com a intoxicação por opiode. Acomete preferencialmente o córtex supratentorial e núcleos da base; Síndrome da encefalopatia posterior reversível, que tipicamente com acometimento da substância branca subcortical parieto-occipital bilateral e raramente apresenta restrição à difusão; Leucoencefalopatia espongiforme associada à heroína / opióide, cujo quadro clínico tem evolução mais lenta e alteração de sinal na substância branca supratentorial.

Conclusões

A síndrome CHANTER é uma entidade rara, mas com caráter reversível uma vez que o tratamento é instaurado. Dessa forma, no contexto atual de uso abusivo de medicações, entra como um importante diagnóstico diferencial.

Palavras Chave

opioide; chanter;

Arquivos

Área

Neurorradiologia

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

MARIA LUIZA LACERDA RIBEIRO, GABRIELA MERIGUE, ROBERTA CASTRO LINHARES, RENATA BERTANHA, ROGERIO IQUIZILI, FABIO BRANDÃO YOSHIMURA, MARCOS VICENTINI CAMARGO