Dados do Trabalho

Título

LESÃO VESICAL EM PACIENTE JOVEM USUÁRIO DE CIGARRO ELETRÔNICO, UM RELATO DE CASO

Descrição sucinta do(s) objetivo(s)

Alertar para o uso indiscriminado do cigarro eletrônico (CE) e sua possível associação com lesões do trato genitourinário.

História clínica

Paciente do sexo masculino, 24 anos, sem comorbidades, usuário de CE, com queixa de dor abdominal e ultrassonografia mostrando dilatação ureteropiélica à esquerda à custa de lesão vegetante no assoalho vesical, indeterminada. Realizou ressonância, que demonstrou formação expansiva no trígono vesical, com restrição à difusão das moléculas de água e realce ao agente paramagnético, associada a espessamento da parede vesical posterior, comprometendo os meatos ureterais e determinando acentuada uretero-hidronefrose à esquerda. O paciente foi submetido à cistoscopia com biópsia e o resultado revelou cistite cística e glandular com metaplasia intestinal, sem sinais de malignidade.

Discussão e diagnóstico

Os cigarros eletrônicos têm sido comercializados como uma alternativa aos cigarros convencionais, porém seus impactos na saúde ainda não são bem compreendidos. O CE é projetado para vaporizar a solução líquida, denominada vaping, que se condensa em um aerossol para inalação. Este líquido contém quantidades variadas de nicotina, aromatizantes e outros produtos químicos, que quando aquecidos podem formar compostos tóxicos e cancerígenos.
Há estudos científicos que correlacionam o CE com neoplasia vesical, sendo encontradas substâncias carcinogênicas na urina, e com redução na quantidade de espermatozoides no sêmen. Porém, não foram descritos, até o momento, casos de cistite cística e glandular com metaplasia intestinal associadas ao uso de CE.
As cistites cística e glandular são consideradas distúrbios hiperproliferativos benignos de células uroteliais. Foram descritos dois tipos de cistite glandular, sendo que o tipo com metaplasia intestinal pode produzir mucina e apesar de benigno, apresenta potencial maligno.

Conclusões

Os cigarros eletrônicos têm sido usados indiscriminadamente, não havendo dados sólidos na literatura sobre seus impactos a longo prazo no trato genitourinário. Há relatos de associação do CE com neoplasias vesicais, porém este é o primeiro caso conhecido de cistite cística e glandular em usuário de CE.

Palavras Chave

cigarro eletrônico; VAPE; lesão vesical

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Área

Abdominal/Trato Geniturinário