Dados do Trabalho


Título

Hidropsia Endolinfática: do protocolo de estudo ao laudo estruturado

Introdução e objetivo(s)

A doença de Ménière é caracterizada clinicamente pela tríade de vertigem, zumbido e perda auditiva neurossensorial. A fisiopatologia consiste na dilatação do compartimento endolinfático do labirinto membranoso, com redução e obliteração do compartimento perilinfático, chamado de hidropsia endolinfática. O diagnóstico é suportado pelos critérios clínicos da Barány Society em 2015, e até pouco tempo atrás, o papel da imagem era excluir diagnósticos diferenciais que pudessem cursar com sintomatologia similar. Protocolos de ressonância magnética (RM) específicos tornou possível a avaliação das alterações relacionadas à doença de Ménière, conferindo nova importância ao método de imagem na condução desses casos. Este trabalho tem como objetivo detalhar o protocolo de RM dedicado à avaliação da hidropsia endolinfática, revisar a anatomia normal e a propedêutica radiológica na detecção das alterações patológicas, através da análise de casos.

Método(s)

Realizado estudo retrospectivo de RM com protocolo direcionado, em pacientes com sintomatologia suspeita para doença de Ménière. Os exames foram realizados em aparelhos de 3T com bobina de 32 canais, com as sequências habituais do estudo de RM das orelhas internas (T1, T2, difusão, FIESTA/T2 volumétrico, T1 pós-contraste), seguidos de uma sequência adicional FLAIR 3D otimizada, quatro horas após a administração do meio de contraste intravenoso. Os exames foram interpretados por radiologistas especialistas em Cabeça e Pescoço, sendo avaliadas qualitativamente as áreas relativas dos compartimentos endolinfático e perilinfático, e o grau de realce perilinfático.

Discussão

Nas sequências habituais do protocolo de RM das orelhas internas, a perilinfa e a endolinfa apresentam o mesmo sinal, não sendo possível distingui-las. Na sequência 3D FLAIR com resolução espacial otimizada, realizada 4 horas após a administração do meio contraste intravenoso, observa-se a impregnação exclusiva do espaço perilinfático pelo meio de contraste, permitindo a delimitação do compartimento endolinfático. Avalia-se então o grau de dilatação dos componentes endolinfáticos, coclear (ducto coclear/escala média), e vestibulares (sáculo, utrículo, ampolas, ductos semicirculares), além do grau de realce perilinfático. Os achados apresentam boa correlação com a sintomatologia clínica, com alta sensibilidade e especificidade, além de alta concordância intra e inter-observador.

Conclusões

O protocolo de RM específico permite além de excluir causas secundárias, avaliar e diagnosticar a hidropsia endolinfática.

Palavras Chave

tontura; meniere;

Arquivos

Área

Cabeça e Pescoço

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

MARIA LUIZA LACERDA RIBEIRO, TIAGO WANDERLEY DINIZ CHAMMEL, REGINA LUCIA ELIA GOMES, RAFAEL MAFFEI LOUREIRO, HUGO LUIS DE VASCONCELOS CHAMBI TAMES, CAROLINA RIBEIRO SOARES