Dados do Trabalho


Título

ORQUIEPIDIDIMITE TUBERCULOSA - UM RELATO DE CASO

Descrição sucinta do(s) objetivo(s)

Relatar caso de tuberculose extrapulmonar com acometimento urogenital e testicular em paciente imunossuprimido.

História clínica

JS, 44, masculino, transplantado renal em 2022 e usuário crônico de imunossupressores. Em consulta ambulatorial, relatou febrícula, dor, edema e supurações na bolsa escrotal há dois meses, sem resposta a antibiótico. Ultrassonografia demonstrou heterogeneidade do parênquima testicular e coleções intraescrotais em comunicação com a pele. Dada a inespecificidade dos achados, foi realizada ressonância magnética (RM), apontando "formação tissular infiltrativa acometendo testículos e epidídimos, com invasão do subcutâneo escrotal à direita" e "abscessos na próstata e vesículas seminais”, elencando como principal hipótese diagnóstica processo infeccioso granulomatoso e secundariamente a etiologia neoplásica/linfoproliferativa. Estudo citopatológico de urina afastou malignidade, descrevendo presença de bactérias, hemácia e leucócitos, cabendo a confirmação diagnóstica do agente por PCR para micobactérias do mesmo material. Biópsia do enxerto renal afastou o acometimento deste. Paciente apresentou sinais de melhora após iniciar tratamento tuberculostático.

Discussão e diagnóstico

Apesar de incomum, a incidência de tuberculose extrapulmonar aumentou nas últimas décadas, principalmente devido à pandemia de HIV. Os acometimentos extrapulmonares mais comuns são pleural, linfonodal e urogenital. A orquiepididimite tuberculosa surge a partir de infecção ascendente do trato geniturinário (TGU) ou por disseminação hematogênica, afetando primeiramente o epidídimo, sendo a orquite marco de evolução crônica da tuberculose do TGU, ocorrendo em 3% dos casos.
O diagnóstico é realizado por achados nos exames de imagem e identificação do agente. A ultrassonografia representa o melhor método de imagem para o escroto, descrevendo testículos aumentados, homo/heterogeneamente ou nodularmente hipoecoicos, além de complicações adjacentes como coleções e invasão do tecido subcutâneo. Para estudo do restante do TGU, a Tomografia Computadorizada é preferida, demonstrando hipoatenuação ou cavitação por calcificação, necrose ou granulomas. A RM é complementar à USG na avaliação testicular, reservada para casos com contraindicação ao uso de contraste.

Conclusões

Apesar de incomum, a tuberculose urogenital tem incidência em ascensão e potencial morbimortalidade, de tal forma que seu conhecimento e reconhecimento sejam indispensáveis a qualquer radiologista, para além dos achados usuais da pelve, incluindo padrões de acometimento testicular, uma vez que os primeiros indícios podem surgir durante o exame deste órgão.

Palavras Chave

Orquiepididimite; TUBERCULOSE; Ultrassonografia

Arquivos

Área

Abdominal/Trato Geniturinário

Instituições

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

FABRÍCIO MARQUES CORRÊA, ALEXANDRE PITHAN COSTA, LUCAS LEIMIG TELLES PARENTE, LUCIANA ROSÉS RIZZON, MARIANA SBARAINI DA SILVA, PAULA FÜHR, NATHAN LUCCHESE BELLE, RAFAEL DA SILVA BALAGUEZ